Yo me acuerdo... ¿A cuántos de nosotros, hoy medio veteranos, nos dieron agua con gotas de vino cuando éramos chicos, en la mesa? A casi todos nos daban! Era compartir el vino con papá o el abuelo... Aunque ni sabía a vino. Y ni me acuerdo cuando las gotitas fueron siendo chorritos, y al final uno tomaba un poco de vino. Pero pasaba el tiempo.
Este poema del Grande de las letras de Brasil Carlos Drummond Andrade, te lleva a ese momento. Pura dulzura de poema.
"O vinho à mesa, liturgia.
Respeito silencioso
paira sobre a toalha.
A garrafa espera o gesto,
o saca-rolha espera
o gesto que há de ser lento e ritual.
Ergue-se o pai, grão sacerdote
e prende a garrafa entre os joelhos,
gira regira a espira metálica
até o coração do gargalo.
Não faz esforço,
não enviesa,
não rompe a rolha.
É grave, simples,
de velha norma.
Nítido espoca
o ar libertado.
O vinho escorre
sereno, distribuindo-se
em porções convenientes:
copo cheio, os grandes;
a gente, dois dedos.
Bebe o pai primeiro.
Assume a responsabilidade
sacra.
Já podemos todos
saber que o vinho é bom
e piamente degustá-lo.
Mas quem diz que bebo solene ?
Meu pensamento é o saca-rolha,
o sonho de abrir a garrafa
como ele - só ele - abre.
A roxa mácula no linho,
pecado capital.
Esse menino
não aprende nunca a beber vinho ?
Quero é aprender a abrir o vinho
e nem mesmo posso aspirar
ao direito de abrir o vinho
que incumbe ao pai e a mais ninguém
em nossa antiga religião."
Carlos Drummond de Andrade (31 de octubre de 1902, Itabira, Minas Gerais . 17 de agosto de 1987, Rio de Janeiro, RJ)
Más sobre Drummond Andrade:
https://es.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade
http://enoblogs.com.br/o-vinho-por-drummond-quando-era-menino/260714
http://leiovejoeescuto.blogspot.com.uy/2010/08/drummond-boitempo.html
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