miércoles, 8 de junio de 2016

Agua con gotas de vino para los niños de la mesa...

Yo me acuerdo... ¿A cuántos de nosotros, hoy medio veteranos, nos dieron agua con gotas de vino cuando éramos chicos, en la mesa? A casi todos nos daban! Era compartir el vino con papá o el abuelo... Aunque ni sabía a vino. Y ni me acuerdo cuando las gotitas fueron siendo chorritos, y al final uno tomaba un poco de vino. Pero pasaba el tiempo.

Este poema del Grande de las letras de Brasil Carlos Drummond Andrade, te lleva a ese momento. Pura dulzura de poema.


"O vinho à mesa, liturgia.

Respeito silencioso
paira sobre a toalha.
A garrafa espera o gesto,
o saca-rolha espera
o gesto que há de ser lento e ritual.
Ergue-se o pai, grão sacerdote
e prende a garrafa entre os joelhos,
gira regira a espira metálica
até o coração do gargalo.
Não faz esforço,
não enviesa,
não rompe a rolha.
É grave, simples,
de velha norma.
Nítido espoca
o ar libertado.
O vinho escorre
sereno, distribuindo-se
em porções convenientes:
copo cheio, os grandes;
a gente, dois dedos.
Bebe o pai primeiro.
Assume a responsabilidade
sacra.
Já podemos todos
saber que o vinho é bom
e piamente degustá-lo.
Mas quem diz que bebo solene ?
Meu pensamento é o saca-rolha,
o sonho de abrir a garrafa
como ele - só ele - abre.
A roxa mácula no linho,
pecado capital.
Esse menino
não aprende nunca a beber vinho ?
Quero é aprender a abrir o vinho
e nem mesmo posso aspirar
ao direito de abrir o vinho
que incumbe ao pai e a mais ninguém
em nossa antiga religião."


Carlos Drummond de Andrade (31 de octubre de 1902, Itabira, Minas Gerais . 17 de agosto de 1987, Rio de Janeiro, RJ)


Más sobre Drummond Andrade:
https://es.wikipedia.org/wiki/Carlos_Drummond_de_Andrade

http://enoblogs.com.br/o-vinho-por-drummond-quando-era-menino/260714
http://leiovejoeescuto.blogspot.com.uy/2010/08/drummond-boitempo.html



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